segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Desobediência Civil em Honduras





A nova estratégia dos resistentes hondurenhos ao Golpe financiado pela elites locais, com o respaldo da CIA, é a Desobediência Civil. É bom lembrar que esta foi uma das principais estratégias recomendadas por Gandhi no processo de independência da Índia. O Golpe dos gorilas de Gorilete está saindo pela culatra, nunca o povo hondurenho foi tão politizado. Nunca se viu a sociedade civil deste país tão organizada quanto nesses dois meses de Golpe. O que virá depois não se sabe, mas o panorama politico em Honduras jamais será o mesmo, o povo abriu os olhos.



CONSUMIDORES:

CASTIGUEMOS A LOS QUE FINANCIARON EL GOLPE DE ESTADO EN HONDURAS. EL DINERO QUE LES HEMOS DADO AL COMPRAR SUS PRODUCTOS HA SIDO UTILIZADO PARA TRAICIONARNOS, REPRIMIR Y MATAR A NUESTROS COMPATRIOTAS. ¡CONOZCÁNLOS!

DIARIOS, REVISTAS E IMPRENTAS

1- La Prensa (Jorge Canahuati Larach)

2- El Heraldo (Jorge Canahuati Larach)

3- Diez (Jorge Canahuati Larach)

4- La Tribuna (Carlos Flores Facussé)

5- Hablemos Claro (Rodrigo Wong Arévalo)

6- Hablemos Claro Financiera (Rodrigo Wong Arévalo)

7- As Deportiva (Rodrigo Wong Arévalo)

8- Cromos (Rodrigo Wong Arévalo)

9- Estilo (Jorge Canahuati Larach)

10- Lithopress Industrial (Carlos Flores Facussé)

TV, CABLE, INTERNET Y TELEFONÍA

1- Grupo Televicentro (Rafael Ferrari)

2- Canal 5 (Rafael Ferrari)

3- Telecadena, 7y4 (Rafael Ferrari)

4- Telesistema, 3y7 (Rafael Ferrari)

5- MegaTV (Rafael Ferrari)

6- Canal 10 o TEN (Rodrigo Wong Arévalo)

7- Canal 54 (Jorge Faraj, Camilo Atala)

8- Multivisión (Rafael Ferrari)

9- Multidata (Rafael Ferrari)

10- Multifon (Rafael Ferrari)

11- Televicentro o nline (Rafael Ferrari)

12- Tigo-Celtel (Antonio Tavel Otero)

13- Telemás (Gabriela Núñez)

14- 45TV, La Ceiba (Rodolfo Irías Navas)

15- Televisión 8, Tela (Rodolfo Irías Navas)

LAS RADIOS

1- Emisoras Unidas (Rafael Ferrari)

2- HRN (Rafael Ferrari)

3- Radio Norte (Rafael Ferrari)

4- Suave FM (Rafael Ferrari)

5- Rock n' Pop (Rafael Ferrari)

6- Vox FM (Rafael Ferrari)

7- XY (Rafael Ferrari)

8- 94 FM (Rafael Ferrari)

9- Radio Satélite (Rafael Ferrari)

10- Radio Caribe (Rafael Ferrari)

11- Radio Centro (Rafael Ferrari)

12- Audiovideo (Miguel Andonie Fernández)

13- Radio América (Miguel Andonie Fernández)

14- Radio San Pedro (Miguel Andonie Fernández)

15- Súper 100 (Miguel Andonie Fernández)

16- La Moderna (Miguel Andonie Fernández)

17- Radio La Ceiba (Miguel Andonie Fernández)

18- Comunicaciones del Atlántico (Rodolfo Irías Navas)

19- Radio El Patio, La Ceiba (Rodolfo Irías Navas)

20- Stereo 92, La Ceiba, (Rodolfo Irías Navas)

21- Stereo 102.5, La Ceiba, (Rodolfo Irías Navas)

22- Romántica, 103.5 FM, La Ceiba (Rodolfo Irías Navas)

23- Radio Aguán, Colón (Rodolfo Irías Navas)

24- 92.7 FM , Tela (Rodolfo Irías Navas)

25- 91.5 FM , Tela (Rodolfo Irías Navas)

COMIDAS, BEBIDAS Y CHURROS

1- Burger King (Rafael Ferrari)

2- Little Caesar’s (Rafael Ferrari)

3- Church’s Chicken (Rafael Ferrari)

4- Popeyes (Rafael Ferrari)

5- Dunkin’ Donuts (Rafael Ferrari)

6- Baskin Robbins (Rafael Ferrari)

7- Pollo Campero (Rafael Ferrari)

8- Chilli’s (Rafael Ferrari)

9- Pizza Hut (Jorge Canahuati Larach)

10- Kentucky (Jorge Canahuati Larach)

11- Agua Azul (Jorge Canahuati Larach)

12- Aquafina (Jorge Canahuati Larach)

13- Pepsi (Jorge Canahuati Larach)

14- Seven Up (Jorge Canahuati Larach)

15- Mirinda Naranja (Jorge Canahuati Larach)

16- Mirinda Uva (Jorge Canahuati Larach)

17- Teem (Jorge Canahuati Larach)

18- Enjoy (Jorge Canahuati Larach)

19- Adrenaline (Jorge Canahuati Larach)

20- Gatorade (Jorge Canahuati Larach)

21- Quanty (Jorge Canahuati Larach)

22- Be-Light (Jorge Canahuati Larach)

23- Link (Jorge Canahuati Larach)

24- SoBe Energy (Jorge Canahuati Larach)

25- Té Lipton envasado (Jorge Canahuati Larach)

26- Yummies Zambos, tajaditas y yuquitas (Miguel Facussé Barjum)

27- Yummies Ranchitas, nachos y jalapeños (Miguel Facussé Barjum)

28- Cappy, maíz con queso, gorditos y tornitos (Miguel Facussé Barjum)

29- Zibas, papas y anillitos de papa (Miguel Facussé Barjum)

30- Ziba’s Costi Rica, papas fritas (Miguel Facussé Barjum)

31- Ziba’s francesa, papas a la francesa (Miguel Facussé Barjum)

32- Taco del Rancho, picante, jalapeño y barbacoa (Miguel Facussé Barjum)

33- Chicharrones del Rancho, limón y picosito (Miguel Facussé Barjum)

34- Mazola, aceite y margarina, manteca Pura (Miguel Facussé Barjum)

35- Íssima, pasta de tomate La Rojita y Sofrito (Miguel Facussé Barjum)

36- Íssima, salsas para pastas Ranchera (Miguel Facussé Barjum)

37- Íssima, salsas para pastas Tomate y Albahaca (Miguel Facussé Barjum)

38- Íssima, salsas para pastas Con hongos y 3 quesos (Miguel Facussé Barjum)

39- Íssima, Ketchup (Miguel Facussé Barjum)

40- Issima, sopas de pollo, camarón y resollo Oriental (Miguel Facussé Barjum)

41- Íssima, spaguetti y tallarines (Miguel Facussé Barjum)

42- Íssima, consomé de gallina y de pollo (Miguel Facussé Barjum)

43- Leche Sula (Schucry Kafie)

44- Leche La Pradera (Schucry Kafie)

45- Leche en polvo Sula (Schucry Kafie)

46- Malteadas Sula (Schucry Kafie)

47- Jugos de naranja y fruta Sula (Schucry Kafie)

48- Bebida Fristy Sula (Schucry Kafie)

49- Queso, quesillo, requesón Sula (Schucry Kafie)

50- Queso Cheddar, Gouda, Edam y Pecorino Sula (Schucry Kafie)

51- Mantequilla crema Sula (Schucry Kafie)

52- Margarina Sula (Schucry Kafie)

53- Mozarrella Sula (Schucry Kafie)

54- Yogurt Sula (Schucry Kafie)

55- Yogurt Gaymonts y Lait (Schucry Kafie)

56- Agua Sula (Schucry Kafie)

57- Frutas y vegetales Áltima (Miguel Facussé Barjum)

BANCOS, CORPORACIONES, CONSORCIOS Y MANUFACTURAS

1- Grupo Ficohsa (Jorge Faraj Rishmagüi, Camilo Atala Faraj)

2- Banco Ficohsa (Jorge Faraj, Camilo Atala)

3- Interamericana de Seguros (Jorge Faraj, Camilo Atala)

4- Ficohsa Express (Jorge Faraj, Camilo Atala)

5- PSI, Proyectos y Servicios Inmobiliarios (Jorge Faraj, Camilo Atala)

6- Dicorp, divisas0




Nome aos Bois


Nas fotografias abaixo vemos os próceres da Ditadura Civil Militar que assolou o Brasil por vinte e um anos. Notem a quantidade de ministros militares. No comando dos mesmos, Costa e Silva. Foram esses senhores que assinaram o infame Ato Institucional nº 5 ( AI-5), o que tivemos de mais próximo do fascismo em nossa História. Estas imagens foram publicadas pela Folha, o jornal da Ditabranda, num suplemento especial que se presta a contar (de forma parcial) o que foi o AI-5. Para saber* mais sobre cada um dos participantes da famigerada reunião, realizada em 13/12/1968, reunião esta que jogou o Brasil nas trevas, clique aqui. O AI-5 institucionalizou a tortura no Brasil, deu poderes totais as forças da repressão, transformando este país num verdadeiro Estado policial. O AI-5 também envenenou o caráter nacional, atualizando e fortalecendo práticas sociais como o racismo, o machismo, a intolerância, o autoritarismo. A violência do Estado se disseminou por toda a sociedade, e até hoje sentimos seus efeitos, basta observar a guerra particular que é travada em nossas periferias. Nossas forças policiais são crias do AI-5, a tortura continua sendo praticada sistematicamente em nossas delegacias e presídios, e os penalizados são os mais pobres, sobretudo os negros. Há amplos setores em nossas classes médias que sonham com a volta de um Estado policial aos moldes daquele forjado em 13/12/1968.

Toda vigilância é pouca.



Arthur da Costa e Silva - Pedro Aleixo - Augusto Rademaker -Lira Tavares

Presidente Vice Presidente - Ministro da Marinha - Ministro do Exército -



Magalhães Pinto - Delfim Netto - Mario Andreazza - Ivo Arzua

Ministro das Relações - Minisitro da Fazenda -Ministro dos Transportes - Ministro da Agricultura

Exteriores


Jarbas Passarinho - Leonel Miranda - Márcio de Souza e Mello - Tarso Dutra -

Ministro do Trabalho - Ministro da Saúde - Ministro da Aeronáutica - Ministro da Educação e Cultura -




Costa Cavalcanti - Albuquerque Lima - Hélio Beltrão - Carlos Simas -

Ministro de Minas e Energia - Ministro do Interior - Ministro do Planejamento - Ministro das Comunicações -


Emílio Garrastazzu Médici - Orlando Geisel - Adalberto de Barros Nunes - Adalberto Pereira -

Chefe do Serviço Nacional Chefe da EMFA ( Estado Chefe do Estado Maior Chefe do Estado Maior

de Informações (SNI) maior das Forças Armadas - da Armada do Exrécito



Huet Sampaio - Gama e Silva - Rondom Pacheco - Jaime Portella -

Chefe do Estado Maior - Ministro da Justiça - Chefe do Gabinete Civil - Chefe do Gabinete Militar

da Aeronáutica


Obs: Os nomes estão na sequência das fotos.

Médici era o chefe do SNI.

Não consegui ajustar as fotos aos nomes.


* No suplemento da Folha também se pode ouvir o áudio da reunião


Algumas determinações do AI-5:

Pelo artigo 2º do AI-5, o Presidente da República podia decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, que só voltariam a funcionar quando o Presidente os convocasse. Durante o recesso, o Poder Executivo federal , estadual ou municipal, cumpriria as funções do Legislativo correspondente. Ademais, o Poder Judiciário também se subordinava ao Executivo, pois os atos praticados de acordo com o AI-5 e seus Atos Complementares excluiam-se de qualquer apreciação judicial (artigo 11).

O Presidente da República podia decretar a intervenção nos Estados e Municípios, "sem as limitações previstas na Constituição" (art. 3º).

Conforme o artigo 4°, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e "sem as limitações previstas na Constituição", podia suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos por 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. Pelo artigo 5°, a suspensão dos direitos políticos, significava:

I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

II - suspensão do direito de votar e ser votado nas eleições sindicais;

III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;

IV - aplicação, pelo Ministério da Justiça, independentemente de apreciação pelo Poder Judiciário, das seguintes medidas:

a) liberdade vigiada;

b) proibição de freqüentar determinados lugares;

c) domicílio determinado.

Ademais "outras restrições ou proibições ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados" poderiam ser estabelecidas à discrição do Executivo.

O Presidente da República podia também, conforme o artigo 8º, decretar o confisco de bens em decorrência de enriquecimento ilícito no exercício de cargo ou função pública, após a devida investigação - com cláusula de restituição se provada a legitimidade da aquisição dos bens.

O artigo 10 suspendia a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.

Durante a vigência do AI-5, também recrudesceu a censura. A censura prévia se estendia à imprensa, à música, ao teatro e ao cinema.

Wikipédia








sábado, 29 de agosto de 2009

Walter Benjamin




Angelus Novus - Paul Klee (1932)

Há um quadro de Klee chamado Angelus Novus. Representa um anjo que parece a ponto de afastar-se para longe daquilo a que está olhando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca aberta, suas asas estendidas. O anjo da história deve ter este aspecto. Seu rosto está voltado para o passado. Onde diante de nós aparece um encadeamento de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que vai empilhando incessantemente escombros sobre escombros, lançando-os diante de seus pés. O anjo bem que gostaria de se deter, despertar os mortos e recompor o que foi feito em pedaços. Mas uma tempestade sopra do Paraíso e se prende em suas asas com tal força, que o anjo já não as pode fechar. A tempestade irresistivelmente o impele ao futuro, para o qual ele dá as costas, enquanto o monte de escombros cresce até o céu diante dele. O que chamamos de Progresso é esta tempestade.





PIG ordena: entre em pânico!


Antonio Medina - Rebelión


OMS diz que 40% dos mortos pela gripe são adultos com boa saúde...


UOL

Você, cidadão de bem, está esperando o quê para entrar em pânico?








sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Tropas estrangeiras não podem 'ameaçar soberania', diz acordo da Unasul



Encontro discutiu uso de bases militares pelos EUA na Colômbia.
Haverá nova reunião com chanceleres e ministros da Defesa.

Do G1, com agências internacionais


Após debater por mais de sete horas o acordo que permite o uso de bases militares colombianas pelos Estados Unidos, a cúpula de presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) aprovou um documento em que afirmam que “forças militares estrangeiras não podem (...) ameaçar a soberania e a integridade de qualquer nação sul-americana”.

"Estes mecanismos deverão contemplar os princípios de irrestrito respeito à soberania, integridade e inviolabilidade territorial e não ingerência nos assuntos internos nos Estados", estabelece o texto aprovado pelos líderes.

Os governantes também agendaram uma nova reunião, em setembro, entre os ministros de Relações Exteriores e de Defesa “para que elaborem medidas de fomento da confiança e segurança”, segundo a declaração final do encontro em Bariloche, na Argentina.

Os doze países membros da Unasul expressaram ainda a vontade de “reafirmar o compromisso de fortalecer a luta e cooperação contra o terrorismo e o tráfico de armas, além da ação de grupos armados" na região.

Estes instrumentos "de garantias para todos os países" devem ser elaborados de maneira "complementar" aos mecanismos existentes, no marco da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O documento também instrui o Conselho Sul-americano de Defesa a analisar o texto sobre "Estratégia Sul-Americana. Livro Branco, Comando de Mobilidade Aérea (AMC)", ao qual se referiu o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante sua exposição na cúpula.

Também pede que o Conselho Sul-americano de Luta contra o Narcotráfico elabore um plano de ação.

Durante a reunião, os governantes debateram o polêmico acordo entre Bogotá e Washington para que militares americanos usem bases colombianas, o que gerou tensão na região e fez com que nações como Argentina e Brasil exigissem "garantias" para assegurar que o trato não dará margens à intervenção em terceiros países.

Participação brasileira

Durante a reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou a eficácia da presença das bases americanas na Colômbia na guerra contra o narcotráfico. Lula se irritou com a demora dos discursos e disse que os outros presidentes deveriam ter sido mais objetivos. "A gente vir para uma reunião como chefe de Estado e cada um ficar falando para seu público não dá certo. O que interessa ao público é o resultado final de uma reunião", disse.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

“A saída armada é possível”





O líder sindical dos professores afirma que uns dois mil hondurenhos estão treinando na Nicarágua para uma resistência armada

O líder sindical dos professores afirma que uns dois mil hondurenhos estão treinando na Nicarágua para uma resistência armada


Brasil de Fato



Mercedes López San Miguel
de Tegucigalpa (Honduras)


Sua corpulência e a jaqueta de couro fazem jus à imagem estereotipada de líder sindical. Bertín Alfaro é professor e presidente do Sindicato Profissional de Docentes de Honduras, o maior e mais organizado grêmio da resistência contra o golpe de Estado. Ele eleva o tom quando adverte que os EUA são os autores do levantamento militar. E o baixa ao assinalar que uns dois mil hondurenhos estão treinando na Nicarágua para uma defesa armada. Alfaro teme essa opção. Na entrevista a seguir, insiste que o povo deve resistir de forma pacífica até conquistar a restituição do presidente Manuel “Mel” Zelaya.


As forças repressivas mataram dois docentes desde que o governo de fato se instalou em Honduras. Qual é a situação dos professores?
Bertín Alfaro – O golpe marcou uma grande crise na vida democrática de Honduras, seguida de uma flagrante violação aos direitos humanos. Os trabalhadores da educação assumimos um papel protagonista, nos somamos à resistência. Entre os operários, os professores e os camponeses existe uma palavra de ordem que se grita permanentemente: “aqui, ninguém se rende”, até que se restabeleça a ordem democrática. O golpe de Estado foi perpetrado pela Igreja, a Corte Suprema, as Forças Armadas, os meios de comunicação influentes e os políticos tradicionais. Mas os autores intelectuais se encontram no norte do continente. Depois da resolução da OEA [Organização dos Estados Americanos], todos os países respaldaram Zelaya. Os EUA fizeram pouco ou nada; é o único país que tem uma relação permanente com os golpistas.

O que a administração Barack Obama deveria fazer?
Congelar as contas dos golpistas, restringir o ingresso de remessas dos hondurenhos que vivem nos EUA e cancelar os vistos dos golpistas.

Os EUA cancelaram quatro vistos...
Sim, mas consideramos isso uma jogada política, porque cancelaram os vistos de quem não teve um papel importante no golpe. Os cérebros da ditadura estão tranquilos e aparecem sorridentes na televisão.

Voltando à pergunta anterior: a repressão aos professores aumentou? Eles estão sendo perseguidos?
A senhora viu cair um professor com um balaço na cabeça [Roger Vallejos morreu em 30 de julho, devido a um tiro no crânio]. Quando se pede informações às forças da ordem, dizem que é preciso investigar. Mas a promotoria atua imediatamente quando é contra a resistência popular: qualquer um vai preso por perturbação da ordem pública ou qualquer outra coisa. Repare que o povo marcha de maneira pacífica e sem armas. A ditadura criou um ambiente de tensão, com toque de recolher a cada instante e detenções arbitrárias. Não há direitos individuais. Os hondurenhos vamos nos mobilizar durante os cinco meses que faltam para que o mandato de Mel termine.

A resistência encontra os professores unidos? O sindicato dos docentes é o que mais participa das mobilizações?
Em Honduras, existe o que se chama de Coordenadora Nacional da Resistência. Tem o Bloco Popular, que aglutina as centrais operárias, como a CGT [Central Geral dos Trabalhadores], e o [sindicato] do magistério. Somos 60 mil educadores, a maior força. Decidimos que haja aula às segundas, terças e quartas; os demais dias são de luta. Os trabalhadores estão tendo medo de participar porque são ameaçados em suas empresas, mas, tanto os camponeses quanto os professores marchamos mais.

Vocês levaram alguma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que esteve em Honduras há poucos dias?
Sim. Sempre tiramos fotos e gravamos vídeos. Uma das situações que denunciamos foi que, na zona noroeste, a polícia prendeu muitas pessoas que se manifestavam. Liberaram os homens, mas quatro policiais levaram e violaram uma mulher operária e muito bonita. Ela deu os nomes. Quebraram a mão de um candidato presidencial pelo movimento operário, Carlos Reyes. Também quebraram um deputado do partido Unificação Democrática, e agora ele está internado. Os golpistas têm mercenários. Não respeitam ninguém. Mas se não respeitaram o presidente quando o tiraram da cama! Os direitos não existem.

Se vislumbrava um golpe de Estado?
Pela primeira vez desde 1981, um presidente assumia a defesa dos mais despossuídos. Mel assinou a incorporação de Honduras à Alba [proposta pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para se contrapor à Alca], quis converter a base militar de Palmerola, dos EUA, em aeroporto comercial, e contemplou os trabalhadores ao aumentar o salário mínimo. Também aumento o piso salarial dos professores [hoje, recebem o equivalente a 600 dóolares]. Por todas essas medidas, os empresários ficaram contra ele. Os EUA também. A instalação da quarta urna em 28 de junho passado, para saber se o povo queria reformar a Constituição foi a última coisa que Mel quis mudar.

A sociedade se polarizou entre os que apóiam Zelaya e os que estão com o presidente de fato, Roberto Micheletti?
Os operários, os camponeses, os professores... definitivamente, o povo, está com o presidente Zelaya. A empresa privada, o Congresso, a Igreja e os meios influentes estão com o “goriletti”. O Congresso é um ninho de malandros. Os deputados se aproveitam do sistema para levar uma vida mais cômoda em detrimento do povo. Percebemos que se esta situação não se resolve, grupos guerrilheiros serão organizados em Honduras. Há pessoas treinando na Nicarágua. No dia que o Mel chegar, o povo se concentrará para recebê-lo... nesse dia pode ser que haja uma grande quantidade de mortes.

Quantas pessoas estão se armando?
Ao redor de dois mil hondurenhos estão treinando na Nicarágua.

Quem os treina?
Não podemos dizer. Nós não queremos chegar ao ponto de uma resistência armada. Isso provocaria a morte de muitos inocentes, e o controle escaparia das mãos dos dirigentes sindicais. Queremos continuar pela via pacífica.

Quando aconteceria essa resistência em armas?
Logo. Temos conhecimento de que existem armas doadas. Não sabemos quem as doaram. Já existem sinais de que haverá uma crise muito difícil em nosso país. Começou-se a sentir as medidas de isolamento. No mais tardar em outubro Honduras atravessará uma grave crise alimentar e de abastecimento.

O senhor confia em uma saída medida para o conflito?
O plano Arias [do presidente da Costa Rica, Óscar Arias] propõe um governo de integração. É irônico que seja dada anistia aos golpistas para que formem parte do gabinete. Zelaya já o rechaçou. Chama a atenção o fato de que o país que recebeu Mel em pijamas tenha sido a Costa Rica, não é?

Por quê?
Porque Arias serviu ao Império. Interessa a ele ganhar um novo Prêmio Nobel [Arias foi premiado em 1987, por ter mediado o fim dos conflitos na América Central].

Se Zelaya não conseguir ser restituído ao cargo, haverá eleições?
Aí está o problema. A Constituição diz que o governo constitucional é o que garante os pleitos. Mas Mel está no exílio. Que eleições se darão se o povo não quer ver os candidatos dos partidos tradicionais? Elvin Santos, do Partido Liberal [o mesmo de Zelaya], é um golpista, um representante da oligarquia. Uma parte dos liberais não o querem. Jogaram ovos nele! (Página 12 - www.pagina12.com.ar)

Tradução: Igor Ojeda